Concentração está marcada na Praça da Liberdade a partir das 8h

 Por Paula Machado e Verônica Pragana 

Amanhã (3), as duas mil pessoas de todas as regiões do Brasil – entre agricultoras e agricultores familiares, representantes de comunidades e povos tradicionais, de instituições da sociedade e de universidades – que participam do IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) farão uma marcha pelas ruas de Belo Horizonte. O ato público, organizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), é mais uma estratégia de comunicação com a população da capital mineira sobre a pauta da agroecologia. Além da agenda agroecológica, o ato também incorpora e ecoa as reivindicações do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação do estado de Minas Gerais.

“Queremos dizer o que é a agroecologia e o papel que ela cumpre para a funcionalidade da cidade com a produção e comercialização de alimentos saudáveis e a preservação da água, recursos naturais e florestas. E a nossa forma de expressar isso será através de manifestações culturais dos povos do campo e da cidade”, comenta Alexandre Pires, da ONG Centro Sabiá e integrante do Núcleo Executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

A concentração do ato será na Praça da Liberdade, às 8h, e a caminhada passará pela rua Augusto de Lima e vai até o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, onde haverá um banquete composto em parte por produtos agroecológicos trazidos pelas delegações dos estados participantes do IV ENA. A população da cidade está convidada a participar desta marcha que vai colorir e movimentar as ruas centrais de BH.

O ato vai ser em prol das bandeiras de luta da reforma agrária, do direito à terra e ao território dos povos e comunidades tradicionais no campo, da democratização do espaço urbano, da comunicação como direito e da visibilidade das práticas das mulheres e das juventudes, entre outros.

Bandeirão

Além de bandeiras e faixas confeccionadas pelos territórios, a paisagem do ato será vestida também pelo Bandeirão de Luta: Agroecologia, Comunicação e Cultura, costurado a partir de retalhos decorados nos encontros estaduais preparatórios para o IV ENA. A junção de todas as partes foi feita hoje numa oficina realizada durante o encontro.

Cleide Vieira, de Belo Horizonte, integrante da Cooperativa dos Trabalhadores com Materiais Recicláveis da Pampulha (Coomarp), avalia como “ótima” sua participação na confecção do Bandeirão. “Pudemos estar com várias pessoas, de vários segmentos e vários Estados, compartilhando nossas lutas. No encerramento,  falei: ‘Gente, nós juntamos e separamos; e vamos levar cada um para sua região um pouco de conhecimento, de luta, da causa’”, relata a trabalhadora.

E as lutas são muitas. Cleide conta um pouco delas: “Acompanhamos a questão do Rio Doce, a da sequidão no Nordeste, e compartilhei o que estamos passando aqui. No 1º de maio [deste ano], um galpão nosso em Betim sofreu incêndio criminoso. Agora, na quinta-feira [31 de maio], outro galpão de parceiros nossos também foi incendiado. E 90% dos galpões hoje são compostos por mulheres, que têm filho, colocam filho na escola, os alimentam”, completa.

IV ENA – Durante todo o feriado de Corpus Christi, a população de Belo Horizonte e região metropolitana teve a oportunidade de entrar em contato com a diversidade cultural que pulsa nos territórios brasileiros que constroem cotidianamente estratégias solidárias e alternativas econômicas, políticas e organizativas. Sob o lema ‘Agroecologia e democracia unindo campo e cidade’, o IV ENA aglomerou diversas vivências urbanas e rurais pautadas em relações sociais baseadas na solidariedade e confiança mútua, na busca por autonomia e pela defesa e guarda da biodiversidade, da água e dos recursos naturais.