arte campanha asptaVia AS-PTA,

A Comissão de Sementes do Polo da Borborema realizou nesta quarta-feira (20), o lançamento e planejamento da Campanha “Não Planto Transgênicos para Não Apagar a Minha História”, promovida pelo Polo da Borborema e pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia.

O encontro teve início com os participantes da reunião fazendo a colheita das seis variedades de feijão macassar que fizeram parte de um ensaio comparativo no Centro Agroecológico São Miguel (CASM), onde também funcionam as sedes do Polo da Borborema e da AS-PTA. O ensaio de variedades faz parte do conjunto de pesquisas participativas com as “Sementes da Paixão”, como são chamadas as sementes crioulas, cultivadas e conservadas pelas famílias agricultoras há várias gerações, livres de transgênicos e agrotóxicos, em bancos de sementes comunitários.

Após a colheita, foram apresentados aos membros da comissão os materiais da Campanha, começando com a exibição do vídeo “Não Planto Transgênicos para Não Apagar a Minha História”, que traz depoimentos de guardiões e guardiãs das sementes da paixão, suas razões e estratégias para a conservação das sementes. Após um rápido debate acerca do vídeo, foram apresentados os outros materiais como o cartaz e o banner da campanha, que traz orientações sobre como evitar a contaminação, sobretudo das sementes de milho, que por seu tipo de polinização (aberta), são mais facilmente contaminados. Foi apresentado ainda o cordel “Vou proteger a minha Semente da Paixão”, de autoria de Euzébio Cavalcante, liderança do Sindicato Rural de Remígio-PB, que estava presente na reunião e fez a leitura da publicação para os presentes.

Após esse momento, foi feita uma rodada para levantar estratégias e espaços para divulgação da campanha, como difusão dos materiais nos programas de rádio dos municípios e do programa regional do Polo da Borborema; nas missas e outros momentos das igrejas; nas reuniões dos conselhos municipais; nas assembleias dos sindicatos, inaugurações de bancos de sementes e escolas rurais, entre outros espaços. Durante as atividades de formação com as famílias para discutir a campanha, assim como outras atividades animadas pela comissão serão realizados novos testes de transgênica com as variedades de milho colhidas pelas famílias na safra de 2016. E nas próximas reuniões da Comissão de Sementes serão oportunidades para socialização dos resultados da campanha no conjunto das comunidades.

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Em seguida a comissão fez um debate sobre os desafios para além do enfrentamento aos transgênicos. Nelson Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca-PB, lembrou de outros grandes desafios a serem enfrentados: “A ameaça às sementes não é só das empresas, dos transgênicos, mas é também climática, porque a gente já sofre a ameaça da seca. Então eu acho que a formação tem que ser permanente, todos os eventos que falam de agroecologia tem que tratar das sementes, porque não existe agricultura sem sementes e um desafio grande que a gente vai enfrentar é a falta de sementes”, disse.

Seu Joaquim Santana, liderança do Sindicato de Montadas-PB reforçou a preocupação com a reserva das sementes para o próximo plantio: “Você só pode pedir para uma pessoa que está com uma camisa rasgada se você tiver uma nova para dar para ele vestir. Então eu tenho essa preocupação com a dificuldade de semente que vamos ter”.

Os agricultores e agricultoras fizeram um levantamento sobre a produção de sementes nos municípios para pensarem coletivamente em estratégias de fortalecimento dos estoques dos mais de 60 bancos comunitários de sementes existentes no território, houve ainda a apresentação dos esforços realizados até o momento neste sentido, como a implantação de campos de multiplicação de sementes e ensaios comparativos. Nos municípios onde as chuvas foram irregulares e a produção de sementes for muita baixa, as famílias estão mobilizando recursos próprios e dos fundos rotativos solidários para adquirir sementes onde vai ter alguma produção de sementes, garantindo assim os estoques de sementes nos bancos comunitários.

Essa atividade foi realizada com apoio do Projeto Ecoforte Rede de Agroecologia da Borborema, com recursos da Fundação Branco do Brasil. A Campanha “Não Planto Sementes Transgênicas para não apagar minha história” é uma ação do Projeto Sementes do Saber, co-financiado pela União Europeia.