mato grossoPor Keka Werneck, do Centro Burnier Fé e Justiça

O caderno Conflitos no Campo Brasil 2011, lançado este mês em todo o país pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), deixa claro que Mato Grosso ilustra entre as áreas onde a violência ainda é rotina.

O lançamento oficial no Estado foi realizado dia 07 de maio na Assembleia Legislativa. A imprensa não deu muito respaldo. Poucos meios de comunicação trataram disso, mas o assunto preocupa o Fórum de Direitos Humanos e da Terra MT. Ano passado, 3.917 famílias estiveram e muitas ainda estão envolvidas em conflitos no campo. Foram expulsas de onde viviam 170 delas. Outras 840 foram despejadas e 474 ameaçadas de despejo. Tratores e outras máquinas derrubaram as casas de 440 famílias e 282 roças foram destruídas também em situações de conflito. Dez pessoas foram ameaçadas de morte, uma foi detida e três presas, 35 morreram porque seus direitos não foram garantidos. Uma pessoa sofreu tentativa de assassinato.

Outra forma de violência no campo é a prática do trabalho escravo. Em 2011, em Mato Grosso, a pecuária manteve 21 trabalhadores em condições subumanas, o cultivo 37, o extrativismo 19, o reflorestamento 12, a carvoaria 07 e a aplicação de agrotóxicos 13.

O uso excessivo de agrotóxicos, que coloca Mato Grosso em primeiro lugar nessa prática, é outra forma de violência no campo não apenas contra os trabalhadores em contato direto com esses venenos, mas as famílias rurais que se alimentam de colheitas duvidosas, assim como famílias das cidades que acreditam estar se alimentando bem, ao comer salada, por exemplo, o que não necessariamente é verdade.

Conforme a CPT, “tanto os latifundiários quanto os empresários do agronegócio não respeitam as leis trabalhistas que caracterizam o trabalho escravo”.

A CPT alerta que a situação de exclusão no campo, leva famílias rurais para as favelas das cidades, o que gera, no ambiente urbano, fome, desemprego, mais violência e pobreza.

No caso de MT, a CPT faz ainda denúncia específica contra a exploração nas lavouras da monocultura, contra os ataques ao meio ambiente e contra usinas hidrelétricas. Esse conjunto de atividades capitalistas promove o aumento do desmatamento e expulsam os camponeses, ribeirinhos, indígenas e quilombolas, restringe o acesso a água, aos alimentos e compromete a dignidade do trabalho.

(*) Matéria reproduzida do Centro Burnier Fé e Justiça.